A Espondiloartrite axial não radiográfica (EpA-axNrx) é uma forma de artrite inflamatória que afeta, geralmente, pessoas com menos de 45 anos. Ela provoca dor lombar crônica, com duração superior a três meses, concentrada especialmente nas articulações sacroilíacas — localizadas na base da coluna, onde ela se conecta à pelve (ou, como é mais conhecido, à bacia).
Embora o principal ponto de dor esteja nessa região, a EpA-axNrx também pode causar inflamação, dor e rigidez em outros locais do corpo, como pescoço, ombros, quadris, costelas, calcanhares e articulações dos braços e pernas. Há ainda o risco de inflamações em outros órgãos e sistemas: nos olhos (causando irite ou uveíte), na pele (psoríase) e no trato gastrointestinal (DII's).
Axial – refere-se à parte central do corpo, englobando toda a coluna vertebral e a pelve.
Espondiloartrite – grupo de doenças inflamatórias que afetam principalmente a coluna vertebral e, em alguns casos, as articulações periféricas.
Não radiográfico – significa que, embora existam sintomas e inflamação, ainda não há alterações visíveis nas radiografias tradicionais, especialmente nas articulações sacroilíacas. Porém, exames mais modernos, como a ressonância magnética, podem identificar inflamações sutis.
Relação com a Espondilite anquilosante (EA)
A EpA-axNrx pertence ao mesmo grupo de doenças que a Espondilite anquilosante (EA), também conhecida por Espondiloartrite axial radiográfica, mas há diferenças entre elas. Na EpA-axNrx, por exemplo, as articulações sacroilíacas não apresentam danos definitivos nas radiografias, como observado na EA. Outra diferença é que, enquanto a EA é mais comum em homens, a EpA-axNrx afeta homens e mulheres de forma semelhante. No entanto, entre 5% e 30% das pessoas com EpA-axNrx podem evoluir para EA. Fatores de risco para essa progressão incluem ser do sexo masculino, apresentar níveis elevados de proteína C-reativa (um marcador inflamatório no sangue) e ter alto grau de inflamação nas articulações.
Sintomas
Os sinais mais comuns da EpA-axNrx incluem:
- Dor lombar persistente (região baixa das costas e nádegas), que surge gradualmente ao longo de algumas semanas ou meses. Essa dor geralmente piora pela manhã e à noite, mas pode melhorar após um banho matinal ou com exercícios leves.
- Dor difusa.
- Rigidez matinal que pode durar mais de 30 minutos.
- Desconforto, que pode ser sentido em apenas um lado do corpo ou em lados alternados.
Em mulheres, o pescoço e articulações periféricas (como mãos e joelhos) podem ser mais afetados inicialmente. Em homens, o sintoma mais comum costuma ser a dor lombar.
Diagnóstico
Apesar do crescente conhecimento sobre a doença, o diagnóstico da EpA-axNrx ainda é um desafio. Estima-se que o tempo médio até o diagnóstico correto varie entre 7 e 10 anos. Muitos pacientes passam por diversos médicos, recebem diagnósticos equivocados (como hérnia de disco ou fibromialgia) ou simplesmente têm seus sintomas desvalorizados.
Não existe um exame único e definitivo para a detecção da doença. Por isso, o diagnóstico exige:
- Avaliação clínica completa, feita por reumatologista experiente.
- Exames de sangue, como a dosagem da proteína C-reativa e pesquisa do gene HLA-B27.
- Exames de imagem, como ressonância magnética das articulações sacroilíacas.
Existe cura?
Ainda não há cura para a EpA-axNrx, mas isso não significa que a condição não possa ser controlada. Com os avanços da medicina, já se conhecem tratamentos eficazes que melhoram a qualidade de vida e reduzem os sintomas.
Uma abordagem abrangente pode incluir:
- Exercícios físicos regulares, especialmente os de alongamento e fortalecimento.
- Medidas de bem-estar, como fisioterapia, ioga e práticas de respiração.
- Tratamento medicamentoso, incluindo anti-inflamatórios e, em casos moderados a graves, medicamentos biológicos.
- Acompanhamento contínuo com reumatologista e equipe multidisciplinar.
Evolução da doença
A evolução da EpA-axNrx é altamente variável. Para alguns, os sintomas são leves e intermitentes, para outros, a dor e a rigidez podem ser mais intensas e incapacitantes.Mesmo em casos controlados, recomenda-se visitar o reumatologista pelo menos uma vez por ano, para monitoramento e ajuste do tratamento conforme necessário. O cenário atual é positivo: a compreensão sobre a doença aumentou e novas opções terapêuticas estão disponíveis. Quanto mais cedo o diagnóstico e o início do tratamento, maiores as chances de manter a qualidade de vida e impedir a progressão da condição.
Referências
SPONDYLITIS ASSOCIATON OF AMERICA. Overview of Non-Radiographic Axial Spondyloarthritis (nr-axSpA). Disponível em: http://spondylitis.org/. Acesso: 03/07/2025.
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